sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Artigo: Bonde chamado drogas


    O crescimento abusivo no consumo de substâncias psicoativas entre jovens vem causando diversos problemas em Pintadas, “lugar onde vivo”.
    Uma cidade do interior da Bahia, que conta com 10.342 habitantes dos quais 2.851 são jovens entre 15 e 29 anos – segundo o IBGE Cidades, necessita de soluções rápidas antes que as mesmas cheguem com o prazo vencido.
    Acredito que a falta de informação, as relações interpessoais e a desigualdade social podem ser os principais motivos para essa problemática.
    As drogas tidas como lícitas, álcool, e as ilícitas – a maconha, cocaína e o crack são as principais substâncias consumidas pela mocidade neste município.
    Para Margarida Lúcio Teixeira – Assistente Social do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), os principais fatores do crescente consumo de drogas são, principalmente, a desestrutura familiar e a falta de diálogo. Segundo ela, a consequência desse uso acarreta em baixa perspectiva do jovem, preconceito por parte da sociedade e o seu próprio afastamento social.
    O artigo 81 inciso II incluso no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA diz que: “é proibida a venda à criança ou adolescente de bebidas alcoólicas”. O descobrimento dessa proibição implica no cometimento da contravenção penal no artigo 63 inciso I da lei das contravenções penais (Dec. Lei n° 3688/41) ao qual explicita que: “Servir bebidas alcoólicas a menores de 18 anos, poderá pegar à prisão simples de dois meses a um ano”. Informações essas que parecem ser ignoradas por donos de bares e estabelecimentos que vendem o produto ou mesmo aqueles adultos que compram e oferecem ao menor.
   Sabemos também, que apesar de haver discussões sobre a liberação da maconha, esta e as demais drogas (em exceção do cigarro) não são permitidas à venda. Mas penso que, criou-se culturalmente entre alguns jovens pintadenses que o descobrimento do proibido é proveitoso. Dessa forma, acreditam, que é mais interessante beber e/ou fumar para satisfazer seus desejos do que estudar e informatizar-se sobre o assunto.
   Ainda há aqueles que pensam e julgam o jovem, argumentando que este consome drogas e/ou álcool por “falta de vergonha” e coragem para o trabalho. Todavia, como disse anteriormente, o crescimento do uso não está na falta de caráter. O consumo se dar por influências de amigos ou dos próprios adultos, pela curiosidade de experimentar o novo e nas propagandas publicitárias de bebidas alcoólicas. As drogas lícitas (a cerveja) nos dar a falsa ideia, e nisso a mídia contribui, de que consumi-la no fim de semana, em festas ou qualquer outra ocasião é uma maneira de diversão e prazer. Não sou contra aos que tem idade permitida e consome de forma moderada o álcool, até porque, ele consumido em pequenas doses, é benéfico. Ajuda, inclusive, no aumento de 10% a 20 % do HDL (“colesterol protetor”) - Segundo o médico Drauzio Varella. É indiscutível que o principal caminho para as drogas ilícitas são as lícitas.
   Ademais, do meu ponto de vista, isso não está apenas na ausência de informação, nem nas relações interpessoais e tão pouco na carência de disposição para o emprego, e sim (falando do lugar onde vivo) em investimento, competência e vontade para o bom uso do ECA e na inexistência de uma indústria e/ou projetos socioeducativos de qualificação que possibilite ao jovem o trabalho, desde o funcionário aprendiz ao qualificado. Já dizem os populares: “mente vazia, é escola para o demônio”. Na angústia pela falta de oportunidade, “o jovem” acaba optando por substâncias que dão a falsa sensação de que mesmo com tudo isso há satisfação, já que o sistema nervoso central é alterado com o uso de drogas.
   O problema das drogas deve ser visto como uma questão de saúde pública. Assim, investir em educação, priorizar a saúde (incluindo palestras temáticas), o uso correto do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA e o desenvolvimento de projetos socioeducativos para que assim possibilite a qualificação do jovem para o mercado de trabalho são, portanto, caminhos para a construção de uma Pintadas mais justa e igualitária, livre desse bonde chamado drogas.

Aluna: Fabiane Carneiro


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