O crescimento abusivo no consumo de
substâncias psicoativas entre jovens vem causando diversos problemas em
Pintadas, “lugar onde vivo”.
Uma cidade do interior da Bahia, que conta
com 10.342 habitantes dos quais 2.851 são jovens entre 15 e 29 anos – segundo o
IBGE Cidades, necessita de soluções rápidas antes que as mesmas cheguem com o
prazo vencido.
Acredito que a falta de informação, as
relações interpessoais e a desigualdade social podem ser os principais motivos
para essa problemática.
As drogas tidas como lícitas, álcool, e as
ilícitas – a maconha, cocaína e o crack são as principais substâncias
consumidas pela mocidade neste município.
Para Margarida Lúcio Teixeira – Assistente
Social do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), os principais
fatores do crescente consumo de drogas são, principalmente, a desestrutura
familiar e a falta de diálogo. Segundo ela, a consequência desse uso acarreta
em baixa perspectiva do jovem, preconceito por parte da sociedade e o seu
próprio afastamento social.
O artigo 81 inciso II incluso no Estatuto
da Criança e do Adolescente – ECA diz que: “é proibida a venda à criança ou
adolescente de bebidas alcoólicas”. O descobrimento dessa proibição implica no
cometimento da contravenção penal no artigo 63 inciso I da lei das
contravenções penais (Dec. Lei n° 3688/41) ao qual explicita que: “Servir
bebidas alcoólicas a menores de 18 anos, poderá pegar à prisão simples de dois
meses a um ano”. Informações essas que parecem ser ignoradas por donos de bares
e estabelecimentos que vendem o produto ou mesmo aqueles adultos que compram e
oferecem ao menor.
Sabemos também, que apesar de haver
discussões sobre a liberação da maconha, esta e as demais drogas (em exceção do
cigarro) não são permitidas à venda. Mas penso que, criou-se culturalmente
entre alguns jovens pintadenses que o descobrimento do proibido é proveitoso.
Dessa forma, acreditam, que é mais interessante beber e/ou fumar para satisfazer
seus desejos do que estudar e informatizar-se sobre o assunto.
Ainda há aqueles que pensam e julgam o
jovem, argumentando que este consome drogas e/ou álcool por “falta de vergonha”
e coragem para o trabalho. Todavia, como disse anteriormente, o crescimento do
uso não está na falta de caráter. O consumo se dar por influências de amigos ou
dos próprios adultos, pela curiosidade de experimentar o novo e nas propagandas
publicitárias de bebidas alcoólicas. As drogas lícitas (a cerveja) nos dar a
falsa ideia, e nisso a mídia contribui, de que consumi-la no fim de semana, em
festas ou qualquer outra ocasião é uma maneira de diversão e prazer. Não sou
contra aos que tem idade permitida e consome de forma moderada o álcool, até
porque, ele consumido em pequenas doses, é benéfico. Ajuda, inclusive, no
aumento de 10% a 20 % do HDL (“colesterol protetor”) - Segundo o médico Drauzio
Varella. É indiscutível que o principal caminho para as drogas ilícitas são as
lícitas.
Ademais, do meu ponto de vista, isso não
está apenas na ausência de informação, nem nas relações interpessoais e tão
pouco na carência de disposição para o emprego, e sim (falando do lugar onde
vivo) em investimento, competência e vontade para o bom uso do ECA e na
inexistência de uma indústria e/ou projetos socioeducativos de qualificação que
possibilite ao jovem o trabalho, desde o funcionário aprendiz ao qualificado. Já
dizem os populares: “mente vazia, é escola para o demônio”. Na angústia pela
falta de oportunidade, “o jovem” acaba optando por substâncias que dão a falsa
sensação de que mesmo com tudo isso há satisfação, já que o sistema nervoso
central é alterado com o uso de drogas.
O problema das drogas deve ser visto como
uma questão de saúde pública. Assim, investir em educação, priorizar a saúde
(incluindo palestras temáticas), o uso correto do Estatuto da Criança e do
Adolescente – ECA e o desenvolvimento de projetos socioeducativos para que
assim possibilite a qualificação do jovem para o mercado de trabalho são,
portanto, caminhos para a construção de uma Pintadas mais justa e igualitária,
livre desse bonde chamado drogas.