sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Trajetória


       O caminho para o sucesso profissional começa cedo na nossa vida. Comigo não foi diferente, sem ter 4 anos de idade completos fui para a escola a primeira vez e daí começou uma trajetória de sete anos estudando em classe multisseriada até a 4ª série do ensino fundamental (atual 5º ano). Começaram as mudanças que dariam rumo a carreira profissional: o sucesso com os números e boa adaptação às diversas situações de todas as disciplinas até a 8ª série.
      Quando passei para o 1º ano do ensino médio parecia ganhar uma nova vida,  e chegar à Escola Normal era um sonho de criança,  vendo as pessoas desfilar pelas ruas de Pintadas com a farda branca e o brasão azul na frente (quando entrei não existia mais o brasão e sim uma faixa azul e o que era Escola mudou para Colégio). E ali começaram as mudanças como ser humano: as amizades vieram de diversos lugares do município e de outros municípios, desmontou a base que tinha da 5ª a 8ª séries.
      Um estudante acostumado a trabalhar sozinho se viu na obrigação de se relacionar com pessoas diferentes e trabalhar em grupo. E as pessoas que conheci começaram a me preparar para a vida. Surgiram Física, Química e Biologia e a identificação com as ciências exatas se concretizava associando ao raciocínio lógico e às soluções racionais dos problemas.
      Não imaginava o que seria depois do Ensino Médio e previa seguir a “carreira” de migrante nordestino para o Sudeste do país. Eis que me surge a oportunidade de fazer vestibular na UFBA por “experiência”. Lembro-me que naquele ano somente mais dois colegas fizeram o mesmo vestibular em cinco turmas que concluíam o 3º ano do Ensino Médio no Colégio Normal. E a experiência virou a maior realidade da minha vida, algo que não tinha a dimensão de importância quando saiu o resultado da segunda fase da UFBA e lá estava o meu nome.
      As pessoas me felicitavam e para mim era algo “normal”, “natural”, uma transição mais simples que passar da 8ª série para o 1º ano do Ensino Médio. Já na faculdade conheci o que é “uma faculdade”, não a conheci na teoria e por isso as facilidades do ensino médio com as disciplinas exatas pareciam não valer de nada. Aprendi a buscar, a lutar, a valorizar e cheguei a conclusão que passar no vestibular me dava a oportunidade de estudar em uma das melhores instituições de ensino do país e cursar um dos mais ilustres bacharelados da faculdade (Engenharia Civil).
      Hoje quando olho para traz sinto que seria muito mais feliz que todas as pessoas que me felicitavam, porque concluir a graduação em Engenharia Civil e percebi que para dar valor tem que ter trabalho, tem que ter suor, tem que ter sonho. E na faculdade conheci muita gente, entrei garoto e sai maduro, entrei imaginando e sai criando, entrei falando e sai ouvindo, entrei sozinho e sai acompanhado de muita gente (colegas, professores, engenheiros das empresas que estagiei, técnicos da Escola Politécnica da UFBA e muita gente que conheci durante esses anos e me ensinaram os valores da vida nas entrelinhas).
      O sonho de ser um grande profissional começa com uma grande escolha, sem medo da mudança, sem medo de arriscar quando temos os pés no chão e podemos mudar um de cada vez. Hoje sei que 16 e 17 anos é muito cedo para decidir o que fazer pelos próximos 50 anos, mas não podemos parar no Ensino Médio, devemos quebrar a inércia e partir para os desafios.
      Quando saí do Colégio Normal me sentia o “estudante estrela” do colégio,e hoje no meio de todos, em condições iguais a todos os meus colegas, amigos, conterrâneos e formandos do 3º ano do Colégio Normal sou muito mais completo e posso falar que fazer engenharia é a realização do “sonho” que iniciou por um “acaso”, porque arrisquei.
       Desejo muito sucesso na escolha profissional a todos os que estão concluindo agora o ensino médio, aos que já estão na faculdade e os que, assim como eu, iniciam uma carreira fora da faculdade.
















Relato de Claudenir Rios de Oliveira, engenheiro civil, graduado na UFBA em 2012.

Um comentário:

  1. Muito bem, Claudenir. Me identifiquei muito com toda a sua história, rs. Belo relato!Deus te abençoe e que continue se destacando, buscando novos desafios e conquistando o SUCESSO!

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