O caminho para o sucesso profissional começa cedo na nossa vida.
Comigo não foi diferente, sem ter 4 anos de idade completos fui para a escola a
primeira vez e daí começou uma trajetória de sete anos estudando em classe
multisseriada até a 4ª série do ensino fundamental (atual 5º ano). Começaram as
mudanças que dariam rumo a carreira profissional: o sucesso com os números e
boa adaptação às diversas situações de todas as disciplinas até a 8ª série.
Quando passei para o 1º ano do ensino médio parecia ganhar uma
nova vida, e chegar à Escola Normal era um sonho de criança, vendo as pessoas
desfilar pelas ruas de Pintadas com a farda branca e o brasão azul na frente
(quando entrei não existia mais o brasão e sim uma faixa azul e o que era
Escola mudou para Colégio). E ali começaram as mudanças como ser humano: as
amizades vieram de diversos lugares do município e de outros municípios,
desmontou a base que tinha da 5ª a 8ª séries.
Um estudante acostumado a trabalhar sozinho se viu na obrigação
de se relacionar com pessoas diferentes e trabalhar em grupo. E as pessoas que
conheci começaram a me preparar para a vida. Surgiram Física, Química e
Biologia e a identificação com as ciências exatas se concretizava associando ao
raciocínio lógico e às soluções racionais dos problemas.
Não imaginava o que seria depois do Ensino Médio e previa seguir
a “carreira” de migrante nordestino para o Sudeste do país. Eis que me surge a
oportunidade de fazer vestibular na UFBA por “experiência”. Lembro-me que
naquele ano somente mais dois colegas fizeram o mesmo vestibular em cinco
turmas que concluíam o 3º ano do Ensino Médio no Colégio Normal. E a
experiência virou a maior realidade da minha vida, algo que não tinha a
dimensão de importância quando saiu o resultado da segunda fase da UFBA e lá
estava o meu nome.
As pessoas me felicitavam e para mim era algo “normal”,
“natural”, uma transição mais simples que passar da 8ª série para o 1º ano do
Ensino Médio. Já na faculdade conheci o que é “uma faculdade”, não a conheci na
teoria e por isso as facilidades do ensino médio com as disciplinas exatas
pareciam não valer de nada. Aprendi a buscar, a lutar, a valorizar e cheguei a
conclusão que passar no vestibular me dava a oportunidade de estudar em uma das
melhores instituições de ensino do país e cursar um dos mais ilustres
bacharelados da faculdade (Engenharia Civil).
Hoje quando olho para traz sinto que seria muito mais feliz que
todas as pessoas que me felicitavam, porque concluir a
graduação em Engenharia Civil e percebi que para dar valor tem que ter trabalho, tem que
ter suor, tem que ter sonho. E na faculdade conheci muita gente, entrei garoto
e sai maduro, entrei imaginando e sai criando, entrei falando e sai ouvindo,
entrei sozinho e sai acompanhado de muita gente (colegas, professores,
engenheiros das empresas que estagiei, técnicos da Escola Politécnica da UFBA e
muita gente que conheci durante esses anos e me ensinaram os valores da vida
nas entrelinhas).
O sonho de ser um grande profissional começa com uma grande
escolha, sem medo da mudança, sem medo de arriscar quando temos os pés no chão
e podemos mudar um de cada vez. Hoje sei que 16 e 17 anos é muito cedo para
decidir o que fazer pelos próximos 50 anos, mas não podemos parar no Ensino
Médio, devemos quebrar a inércia e partir para os desafios.
Quando saí do Colégio Normal me sentia o “estudante estrela” do
colégio,e hoje no meio de todos, em condições iguais a todos os meus colegas,
amigos, conterrâneos e formandos do 3º ano do Colégio Normal sou muito mais
completo e posso falar que fazer engenharia é a realização do “sonho” que
iniciou por um “acaso”, porque arrisquei.
Desejo muito sucesso na escolha profissional a todos os que
estão concluindo agora o ensino médio, aos que já estão na faculdade e os que,
assim como eu, iniciam uma carreira fora da faculdade.
Relato de Claudenir Rios de Oliveira, engenheiro civil, graduado na UFBA em 2012.